O segundo Curral do Boi Garantido, realizado no último sábado (19/04), Dia dos Povos Indígenas, foi marcado por uma vibrante homenagem aos povos originários da Amazônia. O evento reuniu centenas de torcedores apaixonados no Centro de Convenções Professor Gilberto Mestrinho – Sambódromo, em mais uma edição do Ensaio dos Bumbás.
Com o tema “A Noite dos Povos Indígenas – A Resposta Somos Nós”, o espetáculo foi promovido pelo Movimento Amigos do Garantido (MAG), com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. A celebração contou com a participação de grandes nomes do Boi da Baixa do São José e emocionou o público com um repertório que uniu tradição, resistência e compromisso com a preservação da floresta.
Sob o comando de Carlos Batata, PA Chaves e Leonardo Castelo, o trio abriu a noite com toadas clássicas e também sucessos recentes do Garantido. O cantor Wesley Nery participou do espetáculo, animando ainda mais a torcida vermelha e branca.
Durante o evento, houve destaque para a campanha Amazônia de Pé, que propõe um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) para conter as queimadas, a grilagem e o desmatamento da floresta. A meta é alcançar 1,5 milhão de assinaturas físicas para que o projeto seja levado ao Congresso Nacional.
Mesmo com a chuva que caiu sobre o Sambódromo, o público permaneceu firme, especialmente ao som da toada “Garantido é Pressão”, mostrando todo o amor pelo Boi do Povão. O levantador de toadas Israel Paulain exaltou a data e destacou a importância da reflexão:
“Esse dado não é só para comemorar, é para refletir. A história da Amazônia e do Brasil passa pelos povos originários. E o Garantido canta essa história há muitos anos”, afirmou.
A noite seguiu com apresentações impactantes. Davi Assayag iniciou seu momento com a toada “Xamã Bahsese”, abrindo espaço para o pajé Adriano Paketá, que, mesmo debaixo de chuva, deu um vislumbre do que apresentará no Festival de Parintins.
O ápice do espetáculo foi a entrada do boi de pano, que surgiu nas arquibancadas ao som da “Décima oitava evolução” e “se teletransportou” para o palco, levando o público ao delírio.
Outro momento marcante foi protagonizado pela pequena Ianayra, indígena da etnia Sateré-Mawé, que cantou a toada “Olhar de Curumim” e emocionou o público ao declamar um manifesto em defesa da vida indígena e contra o genocídio provocado pela colonização:
“Foi uma experiência única. Estou muito feliz de cantar”, disse a jovem cunhantã.
Encerrando a noite, os artistas Márcia Siqueira, Luciano Araújo, Alciro Neto e Julieta Câmara comandaram o último bloco, encerrando o Curral com energia, ancestralidade e resistência — marcas do Boi Garantido.