Com estreia mundial realizada no Teatro Amazonas em agosto de 2023, o filme “Pirarucu – o Respiro da Amazônia” está concorrendo a uma prestigiada premiação internacional, conhecida como o Oscar dos filmes de natureza, o Panda Awards. Gravado no Amazonas, o filme disputa na categoria Sustentabilidade.
“Pirarucu – o Respiro da Amazônia” destaca como o manejo sustentável do pirarucu serve como um poderoso mecanismo de proteção para a região amazônica e seus povos tradicionais.
Os renomados Panda Awards, apelidados de “Oscares Verdes” da indústria cinematográfica e televisiva internacional dedicada à vida selvagem, são o centro do Festival Wildscreen desde 1982. A competição inclui 14 categorias e três prêmios especiais, com o cobiçado Golden Panda para a melhor produção geral.
“Em ‘Pirarucu, o Respiro da Amazônia’, transportamos o espectador para uma jornada única, explorando a notável história de resistência e autodeterminação dos moradores do Médio Juruá na Amazônia brasileira”, comenta Carolina Fernandes, diretora do filme.
“O documentário é um emocionante testemunho da força dessas comunidades amazônicas, que se tornaram os maiores defensores da Amazônia, optando pelo manejo participativo do pirarucu, o maior peixe de escamas de água doce do mundo, como uma estratégia ousada de conservação”, explica a diretora.
Para Carolina Fernandes, o filme traz uma mensagem de esperança para a Amazônia. “Em meio a tantas notícias sobre perdas e tragédias na região, o documentário revela como o manejo de uma única espécie de peixe se transformou em uma poderosa ferramenta para proteger a floresta e beneficiar seus povos”, afirma.
A obra
“Pirarucu, o Respiro da Amazônia” é idealizado e protagonizado por lideranças comunitárias do Rio Juruá e da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, ressaltando os notáveis resultados dessa união entre conhecimento científico e sabedoria ancestral das populações tradicionais e indígenas.
O documentário mergulha nas águas do Rio Juruá e da região de Mamirauá, oferecendo uma visão fascinante de como a união entre comunidades e a natureza pode resultar em um equilíbrio delicado, salvando espécies da extinção e preservando a majestade da floresta amazônica.
O filme também retrata como a região do Médio Juruá evoluiu de um cenário de trabalho análogo à escravidão para um exemplo de desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Produzido pela Banksia Films e dirigido por Carolina Fernandes, que vive no Amazonas há 12 anos, o documentário mostra como o manejo do pirarucu foi desenvolvido, destacando a importância de aliar o conhecimento tradicional ao conhecimento técnico dos pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
“Com o declínio da borracha e seus patrões, os moradores da região se organizaram e, inspirados pela luta por emancipação liderada por Chico Mendes, conseguiram a demarcação de Unidades de Conservação (UCs) e a comercialização da produção agroextrativista de forma mais justa e autônoma, eliminando intermediários e criando suas próprias associações”, explica Carolina Fernandes.
Segundo a diretora, o filme captura de forma poética como as comunidades melhoraram sua qualidade de vida ao se engajarem nessa atividade sustentável, que salvou o pirarucu da extinção e protegeu a floresta.
O documentário também apresenta a história da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc), a primeira organização criada na região e que até hoje é um exemplo para a Amazônia, coordenando as atividades no território com compromisso com a floresta e seus povos.
Além disso, o filme destaca os resultados positivos dessa atividade no Médio Juruá. Em 11 anos, a população de pirarucu aumentou 55 vezes nos lagos protegidos, graças ao manejo participativo, gerando uma importante fonte de renda e melhorando a qualidade de vida nas comunidades por meio da valorização dos produtos sustentáveis da floresta.
A logística das filmagens foi bastante complexa e realizada em várias etapas, conta a diretora. “Filmamos o manejo do pirarucu no Médio Juruá por 10 dias. Depois, fizemos filmagens de entrevistas com parceiros da rede pirarucu em Manaus”, relata. “Finalmente, viajamos para Mamirauá por cinco dias, onde pudemos entrevistar os pioneiros pescadores de pirarucu da região, que iniciaram e implementaram o manejo dessa espécie na Amazônia”, recorda.
De acordo com Carolina Fernandes, a dedicação e talento da equipe, que tem conhecimento e experiência para enfrentar qualquer condição de filmagem na Amazônia, foram cruciais para o sucesso do projeto.
A diretora
Carolina Fernandes é uma diretora e produtora audiovisual que vive no Amazonas há 12 anos. Com formação na indústria de televisão britânica e francesa, ela tem ampla experiência na direção e produção de séries de TV e documentários sobre temas ambientais, com trabalhos creditados na BBC, National Geographic Channels, Smithsonian Channel, HBO, Netflix, Animal Planet, Arte France, entre outros.
Carolina também é diretora da série do Discovery Science “Mysteries of the Abandoned” na Amazônia. Produziu e atuou como assistente de direção nos filmes “Ex-Pajé” (premiado no Festival de Berlim em 2018 e no É Tudo Verdade) e “A Última Floresta” (vencedor do prêmio do público na mostra Panorama da Berlinale em 2021), ambos dirigidos por Luiz Bolognesi. Seu trabalho está intimamente ligado à Amazônia, sempre testemunhando a incrível capacidade da região de se preservar enquanto transforma sua paisagem e seu povo.
O filme é uma produção da Banksia Films, uma produtora audiovisual que atua no mercado brasileiro e internacional, oferecendo serviços de criação de conteúdo, produção e pós-produção de séries factuais de entretenimento, programas de alto perfil, documentários de realidade e de observação. A produtora é reconhecida pela qualidade e solidez de seus projetos audiovisuais tanto no mercado nacional quanto internacional.