Técnico da Informação por mais de 30 anos, Augusto Corrêa, de 72 anos, viu sua rotina se transformar após ser diagnosticado com Alzheimer, há quatro anos. A descoberta do transtorno neurodegenerativo veio após episódios recorrentes de esquecimento. Desde então, o aposentado decidiu reagir e buscar alternativas que pudessem contribuir para retardar o avanço da doença, marcada pela deterioração cognitiva, da memória e da autonomia.
Foi nesse processo que ele, acompanhado da esposa Anna Corrêa, de 71 anos, passou a frequentar o Centro de Convivência da Família (CECF) Miranda Leão, no bairro Alvorada, zona oeste de Manaus. O espaço é um dos sete centros administrados pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas).
No centro, Agostinho — como gosta de ser chamado — encontrou acolhimento, atividades em grupo e apoio emocional. Ao lado de Anna, passou a integrar os grupos de convivência “Estimulando a Memória” e “Mais Ativo”, que oferecem exercícios voltados ao estímulo cognitivo, ao convívio social e à melhoria da qualidade de vida.
“Tomo os remédios certinho e participo das atividades com vontade. O que mais gosto aqui é de conversar e fazer os exercícios de memória. Ter o apoio da minha esposa, que está sempre comigo, e da equipe do centro, faz toda a diferença”, compartilhou Agostinho.
Apesar de não haver cura para o Alzheimer, estudos apontam que a prática contínua de atividades cognitivas pode retardar a progressão dos sintomas, mantendo a autonomia e a capacidade de comunicação por mais tempo.
Segundo Jane Stephanny, pedagoga e professora do grupo “Estimulando a Memória”, desde que Agostinho começou a participar das atividades, os benefícios foram perceptíveis. “Notamos uma estabilização na fala e na comunicação. Ele continua expressando bem suas ideias, e isso mostra o quanto o grupo tem ajudado a preservar suas habilidades cognitivas”, explicou.
As atividades propostas envolvem dinâmicas simples, como caça-palavras, listas de compras e jogos de tabuleiro, sempre com foco no estímulo à memória e na interação social. “Trabalhamos com simbologias e tarefas cotidianas que, apesar de simples, exercem grande impacto na manutenção da capacidade cognitiva dos participantes”, destacou Jane.
A assistente social Sâmia Travessa, que coordena o grupo “Mais Ativo”, ressalta que o foco do trabalho é proporcionar bem-estar e qualidade de vida. “Buscamos criar um ambiente acolhedor onde os participantes possam se expressar, recordar vivências, conversar sobre temas atuais e exercitar a mente com atividades lúdicas e de mobilidade”, contou.
Parceira de toda uma vida, Anna Corrêa não apenas acompanha o marido como também participa ativamente das atividades oferecidas pelo centro. Casada com Agostinho há 52 anos, ela destaca a importância do suporte recebido. “O acolhimento dos profissionais do Miranda Leão foi essencial. Desde o início, nos sentimos amparados, e hoje posso dizer que temos aqui uma rede de apoio fundamental para enfrentar o Alzheimer com mais leveza e esperança”, afirmou.
Os Centros de Convivência da Família e do Idoso, geridos pela Seas, oferecem uma série de atividades voltadas ao fortalecimento de vínculos familiares e sociais, incluindo oficinas de artesanato, exercícios físicos e grupos temáticos. As ações visam promover o bem-estar, a inclusão e a melhoria da qualidade de vida da população idosa do Amazonas.