Dois filhotes de onça-pintada foram resgatados na comunidade São João, localizada no município de Manicoré (a 332 km de Manaus), e transportados com segurança até a capital amazonense nesta quinta-feira (03/04). A ação foi coordenada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Secretaria de Proteção Animal do Amazonas (Sepet) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semades) de Manicoré.
Em homenagem ao município onde foram encontrados, os filhotes — uma fêmea e um macho — receberam os nomes “Mani” e “Coré”. Com cerca de três semanas de vida e pesando 1,325 kg e 1,333 kg, respectivamente, os animais foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, localizado no Distrito Industrial 1, zona sul de Manaus.
O diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, destacou a importância da atuação conjunta entre os órgãos ambientais e a comunidade local:
“O Ipaam está comprometido com a proteção da fauna amazônica e seguirá atuando para garantir que esses filhotes, assim como outras espécies, tenham a chance de se reintegrar à natureza de forma segura.”
Segundo a secretária municipal de Meio Ambiente de Manicoré, Marta Regina, a comunidade São João está situada a cerca de seis horas de barco da sede do município. Os moradores encontraram os filhotes em uma área de restinga alagada e, após aguardarem por aproximadamente 24 horas sem sinais da mãe — como vocalizações ou pegadas —, acionaram a secretaria, que enviou brigadistas ao local. O resgate foi realizado no dia 28 de março.
A bióloga Viviane Pavanely, da Gerência de Fauna (GFAU) do Ipaam, acompanhou o transporte dos animais junto a uma equipe técnica formada por um veterinário e duas biólogas. Segundo ela, “Mani” e “Coré” passaram por uma avaliação clínica preliminar no Cetas e apresentaram boas condições de saúde:
“Toda a operação foi realizada de forma ágil, com o mínimo de contato possível, para evitar riscos de contaminação, já que são filhotes recém-nascidos.”
Possibilidade de reabilitação e retorno à natureza
O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, afirmou que há chances de que os filhotes sejam reabilitados e, futuramente, reintegrados à vida selvagem. Ele ressaltou que esse processo exige tempo, cuidados específicos e avaliação constante da condição física e comportamental dos animais.
“Esses filhotes ainda são muito jovens. A reintegração depende do nível de domesticidade e das análises realizadas por veterinários e biólogos. É um processo que exige tempo e comprometimento, mas estamos preparados para fornecer todo o suporte necessário”, afirmou Araújo.
Ele também alertou à população sobre a importância de acionar os órgãos ambientais ao encontrar animais silvestres:
“Quanto antes os profissionais especializados forem informados, maiores são as chances de resgate adequado e de preservação da saúde do animal.”
O superintendente explicou ainda que o Cetas, embora esteja passando por reformas, dispõe de infraestrutura para acolhimento temporário dos animais, oferecendo alimentação adequada, cuidados veterinários e acompanhamento técnico. A destinação final dos filhotes será definida após avaliações mais detalhadas, podendo incluir o encaminhamento para centros de reabilitação especializados em outros estados brasileiros.