“Não vai ser mais preciso esse negócio de fossa. Vai ser bem mais moderno, a cidade vai ficar mais moderna”, afirma Benedito Linhares, 65 anos, comerciante e morador de Parintins. O depoimento reflete o sentimento de expectativa da população com o início das obras que vão transformar o saneamento básico no município. A cobertura de esgotamento sanitário, atualmente inexistente, será ampliada para 25%, enquanto 100% das residências conectadas à rede terão acesso à água potável.
As intervenções fazem parte do Programa de Saneamento Integrado (Prosai Parintins), uma iniciativa do Governo do Amazonas que representa o maior investimento em infraestrutura já realizado no interior do estado. Hoje, Parintins não conta com rede de coleta e tratamento de esgoto e enfrenta, há anos, a contaminação da água por metais pesados. Com o Prosai, o objetivo é reverter esse cenário, promovendo mais saúde, dignidade e qualidade de vida para a população.
Na sexta-feira (11/04), o governador Wilson Lima esteve no município para assinar a ordem de serviço que autoriza o início das obras da rede de esgoto. Durante a visita, também foram entregues as licenças ambientais para a perfuração de dois novos poços, que irão integrar o novo sistema de abastecimento de água da cidade.
Moradora do bairro Palmares, a dona de casa Aline Teixeira, 28 anos, também acredita na transformação. “Meus filhos muitas vezes já ficaram doentes, e eu sempre dizia que era por causa da água. Agora, com esse trabalho sendo feito, tudo vai melhorar. É o futuro deles. Eles estão vendo essa mudança acontecer e, no futuro, vão lembrar que presenciaram tudo isso”, relatou.
Durante a visita, o governador vistoriou as obras em andamento no Centro de Reservação e Distribuição 2 (CRD2), o maior dos quatro centros previstos no projeto. No local estão sendo instalados cinco poços, um reservatório e um laboratório do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Ele também acompanhou os trabalhos nas ruas Nhamundá e Barreirinha, no bairro Palmares.
Avanços em saneamento
Até o momento, já foram implantados 22 quilômetros da nova rede de abastecimento de água, beneficiando 13 áreas da cidade, como Itaúna 2, Paulo Corrêa, Jacareacanga, Palmares, São Francisco e o Distrito Industrial.
O Prosai Parintins contempla ainda a construção de quatro CRDs, dez poços profundos, a recuperação de sete poços existentes, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), 34 quilômetros de rede coletora, 2.423 ligações domiciliares e quatro estações elevatórias. Também estão previstos sete quilômetros de novas redes de drenagem, que vão ajudar a evitar alagamentos nas áreas beneficiadas.
Segundo a Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), responsável pela coordenação do programa, atualmente 45% do esgoto produzido em Parintins não passa por nenhum tipo de tratamento. Desse total, 31% é despejado diretamente em corpos hídricos e 14% é lançado a céu aberto.
De acordo com Marcellus Campêlo, secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano e coordenador da UGPE, a principal consequência positiva da obra será na saúde da população.
“O primeiro impacto será na qualidade da água, que passará de um padrão baixo para um nível seguro. Na sequência, com a coleta e o tratamento de esgoto, teremos o saneamento de fato implantado em Parintins, garantindo mais saúde e bem-estar para todos”, destacou.
Urbanização e habitação
Com um investimento total de US$ 87,5 milhões — sendo US$ 70 milhões financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e US$ 17,5 milhões de contrapartida estadual — o Prosai Parintins vai além do saneamento básico. O programa inclui também obras de urbanização, habitação e reflorestamento.
A requalificação urbana beneficiará cerca de 12 mil pessoas em uma área de mais de 208 mil metros quadrados no entorno da Lagoa da Francesa. Estão previstos novos espaços públicos como um mercado, parques, praças, ciclovias, playgrounds, quadras poliesportivas, quiosques para pequenos empreendedores, um Pronto Atendimento ao Cidadão (PAC) e o Centro de Qualificação da Mulher Parintinense.
Na área habitacional, 832 famílias que vivem em áreas de risco serão reassentadas em locais seguros. Dessas, 504 receberão novas moradias, enquanto as demais serão contempladas com soluções habitacionais adequadas ao perfil socioeconômico de cada beneficiário.
