A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, administrada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), soltou 250 quelônios na natureza no sábado (15/03). Entre os animais liberados, estavam 192 tracajás (Podocnemis unifilis) e 58 irapucas (Podocnemis erythrocephala).
A soltura aconteceu na comunidade Bela Vista do Jaraqui, em Manaus, onde os ovos são plantados e cuidados por seis meses. Segundo Shayene Rossi, gestora da RDS, o monitoramento na comunidade é realizado há seis anos, de forma voluntária, por uma família local.
“Apesar das dificuldades, como a seca e as mudanças climáticas, eles continuam se esforçando para melhorar e garantir a preservação dos quelônios para as próximas gerações. O índice de sobrevivência desses animais já é naturalmente baixo, então o monitoramento é essencial. Este trabalho é fundamental para a conservação e preservação dos recursos da RDS”, explicou Shayene.
Metodologia
A metodologia de soltura segue o modelo desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) por meio do Projeto Pé-de-Pincha. Durante os meses de agosto e setembro, moradores da comunidade coletam os ovos nas praias, campinas e barrancos, e os colocam em chocadeiras que simulam o habitat natural dos quelônios.
Após o nascimento, os filhotes são realocados para tanques até que seus cascos endureçam e eles atinjam o tamanho ideal para serem soltos com segurança. Além da comunidade Bela Vista do Jaraqui, a Reserva possui outros cinco pontos de soltura de quelônios, em Barreirinha, Nova Esperança, São Francisco do Chita e Arara, com monitoramento feito pelos próprios moradores com o apoio da Sema.
Trabalho conjunto para a preservação
Raimundo Leite, presidente da Associação de Comunidades e Povos Tradicionais (APCT) da RDS, enfatizou a importância da união entre comunidades, ativistas e monitores para a preservação ambiental.
“Em vez de apenas falar sobre preservação e monitoramento, devemos nos unir com os ativistas e monitores, que muitas vezes arriscam suas próprias vidas para garantir que as futuras gerações ainda possam ver esses animais. Esse trabalho é vital para a nossa luta pela preservação”, afirmou Leite.
“Para as novas gerações”
Renata Dieb, Agente Ambiental Voluntária e monitora de quelônios, foi responsável por iniciar o monitoramento na comunidade Bela Vista do Jaraqui em 2018. Motivada pela vontade de aumentar a população de quelônios na região, Renata tem se dedicado ao projeto, visando garantir um futuro melhor para as próximas gerações.
“Estamos na sexta soltura de quelônios na Chocadeira Tamanduá. Faço isso para que as crianças entendam a importância de repensar nossas atitudes. Só assim conseguiremos garantir um futuro sustentável para as novas gerações”, disse Renata, que tem dois filhos envolvidos no monitoramento e aguarda o nascimento de um terceiro. Para ela, o trabalho será um legado para seus filhos e para as crianças da RDS.
“O futuro deles depende das atitudes que tomamos hoje. Quero deixar como legado a luta pela preservação, porque sem ela não conseguiremos alcançar nossas vitórias”, completou.
Apoio ao Programa de Áreas Protegidas
A ação recebe apoio financeiro do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), uma parceria entre agências governamentais e não governamentais para expandir a proteção da floresta amazônica. O programa é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) como executor financeiro. No Amazonas, o Arpa é implementado pela Sema em 24 Unidades de Conservação do Estado.