A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), por meio da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), divulgou nesta quarta-feira (09/04) uma nota técnica com diretrizes para orientar os municípios durante o período de enchente.
O documento tem como objetivo apoiar os gestores municipais no monitoramento de agravos típicos desta época do ano, além de orientar sobre ações preventivas diante de possíveis demandas. A nota técnica está disponível no site da Fundação (www.fvs.am.gov.br).
Segundo a secretária de Estado de Saúde, Nayara Maksud, o trabalho integrado com os municípios é essencial para minimizar os impactos das cheias sobre a saúde da população. “Mais uma vez, o Governo do Amazonas atua com planejamento antecipado, oferecendo suporte aos municípios para que possam responder de forma eficaz ao cenário das enchentes”, afirmou.
A diretora-presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim, destacou que uma das principais recomendações da nota é a atualização dos Planos de Contingência para Inundações, com foco na garantia da atenção integral à saúde.
Entre as ações prioritárias estão a ampliação da cobertura vacinal contra Hepatite, Tétano e Raiva — doenças com maior risco de ocorrência durante as enchentes, devido à contaminação da água e contato com roedores e animais peçonhentos. A vacinação também deve ser reforçada em animais domésticos, como cães e gatos. Além disso, os municípios devem acompanhar e ajustar seus estoques de imunizantes.
A nota técnica também orienta sobre a gestão adequada dos estoques e a distribuição de hipoclorito de sódio a 2,5% à população em áreas de risco, especialmente nas zonas rurais. Esse insumo é fundamental para o tratamento emergencial da água. A FVS recomenda ainda o monitoramento da qualidade da água para consumo humano, com a identificação de sistemas de abastecimento que possam ser afetados pelas cheias e a implementação de medidas preventivas. Em casos de contaminação comprovada, os gestores devem adotar ações imediatas para reduzir os riscos à saúde.
Outra recomendação é o monitoramento das transferências de pacientes internados nos hospitais municipais para a capital, assim como a taxa de ocupação dos leitos com uso de oxigênio medicinal. A notificação compulsória dos agravos no sistema oficial de informação também deve ser mantida.
Tatyana Amorim reforça que a vigilância em saúde tem papel estratégico, pois subsidia decisões e organiza a resposta rápida dos serviços de saúde frente aos riscos agravados pelas cheias.
Alerta para leptospirose
Na mesma data (09/04), a FVS-RCP também emitiu um alerta epidemiológico sobre leptospirose — doença transmitida pelo contato com urina de animais infectados, como ratos, e que tende a ter maior incidência durante alagamentos.
De janeiro a março de 2025, o Amazonas registrou 12 casos da doença, com um óbito. Destes, 10 ocorreram em Manaus, um em Guajará e um em Itacoatiara. Em 2024, o estado contabilizou 49 casos e seis óbitos. Somente em janeiro de 2025, os casos dobraram em relação à média histórica. Apesar de uma leve redução nos meses seguintes, as projeções indicam novo aumento entre abril e junho, período de maior risco devido às intensas inundações.
Em resposta, a FVS-RCP reforça a importância de medidas adequadas nos serviços de saúde, como triagem, diagnóstico e tratamento oportuno, com o objetivo de evitar formas graves da doença e reduzir a mortalidade. Casos suspeitos ou confirmados devem ser notificados de forma imediata, dada sua prioridade em nível municipal.