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Setores de alimentos e moda fortalecem a bioeconomia na Amazônia

Setores de alimentos e moda fortalecem a bioeconomia na Amazônia

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Cupuaçu, cumaru, taperebá, tucupi, bacuri e buriti: direto do coração da floresta, esses ingredientes típicos da Amazônia são colhidos por mãos experientes das comunidades locais. Depois, percorrem rios sinuosos, transportados por barqueiros, até chegarem a Belém, no Pará, onde se transformam em sucos, temperos, molhos, geleias, granolas, farinhas e farofas.

O processo produtivo, que envolve uma ampla rede de pessoas, culmina na comercialização dos produtos das empresas Manioca e Amazonique. Esse modelo é um exemplo emblemático da bioeconomia ou sociobioeconomia, que combina geração de renda, preservação da biodiversidade e valorização cultural.

“Nosso propósito é claro: criar impacto social positivo e promover inovação a partir dos ingredientes amazônicos. Trabalhamos diretamente com comunidades tradicionais, que se tornam fornecedoras. Por meio dessa relação, desenvolvemos assistência técnica, geramos renda e construímos laços de confiança a longo prazo”, afirma Paulo Reis, cofundador da Manioca e Amazonique.

Natural de Belém, Paulo trocou a carreira jurídica por um modelo de negócios que gera impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. A Manioca, fundada em 2014, começou com produtos à base de mandioca e hoje atende mercados em 13 estados brasileiros e 12 países. Já a Amazonique, focada em sucos de frutas amazônicas, surgiu em 2022 e, por enquanto, está disponível em Belém.

“Trabalhamos com cerca de 50 famílias de 11 cidades diferentes, fornecendo assistência técnica, firmando contratos diretos com preços justos e acompanhando a preservação das áreas fornecedoras”, explica Paulo.

Impacto da sociobioeconomia

Paulo é membro da Assobio (Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia), que promove o desenvolvimento socioeconômico sustentável da região. Com 75 empresas associadas, o grupo gera mais de 600 empregos, faturando acima de R$ 42 milhões. Os negócios abrangem alimentos, cosméticos, fármacos, acessórios e moda.

“A Amazônia deve valorizar pequenos e médios negócios. Grandes projetos de intervenção agressiva podem prejudicar a biodiversidade e tradições locais. A multiplicação de iniciativas menores é muito mais sustentável para a região”, defende Paulo.

Valcleia dos Santos Lima, da Fundação Amazônia Sustentável (FAZ), reforça a importância de uma abordagem plural para a produção local. Segundo ela, a monocultura mecanizada, como soja ou pecuária, não é sustentável na região. “Devemos explorar a biodiversidade de forma responsável, promovendo geração de renda a partir da conservação, não da destruição.”

Inovação e moda com propósito

Além da alimentação, a bioeconomia da Amazônia também impulsiona outros setores, como a biotecnologia e a moda. Priscila Almeida, fundadora da Smart Food, desenvolve proteínas veganas feitas de ingredientes amazônicos, como hambúrguer de tucumã e linguiça de açaí. Seus produtos são vendidos em vários estados e têm potencial de exportação.

Na moda, Elijane Nogueira fundou a Yanciã, focada em artigos artesanais que utilizam saberes ancestrais de comunidades indígenas. Suas coleções valorizam fibras de tucum, sementes de açaí e outros materiais naturais, conectando a pauta ambiental ao mercado da moda.

“Tento honrar os conhecimentos tradicionais de mulheres de comunidades indígenas, muitas vezes invisibilizadas. Meu trabalho busca resgatar essas histórias e dar o devido reconhecimento a elas”, afirma Elijane.

Série especial

Esta reportagem integra a série Em Defesa da Amazônia, que marca o início do ano da COP30, a ser realizada em Belém. O conteúdo explora os impactos das mudanças climáticas e discute soluções para a conservação da floresta e o bem-estar de seus povos.

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